sexta-feira, 2 de abril de 2010

Morte - 2º Capítulo

Atendeu-me a mãe dele, a sua voz transmitia alguma aflição. Entrei, subi naquele minúsculo elevador de cor azulada e dirigi-me ao 5º andar. Nesse percurso o meu telemóvel tocou. Era o meu pai a dizer para eu ir para casa. Disse-lhe que sim, mas primeiro iria falar com Pedro. Ele não me quis dizer mais nada adivinhando que me estava a dirigir para o apartamento de Pedro.

Cheguei ao 5º piso e dirigi-me à porta. A mãe dele esperava-me à porta e tal como eu previa, estava aflita. Cumprimentei-a e perguntei-lhe o que a estava a por naquele estado.

- Oh Rita, não sei do Pedro.

- Já lhe experimentou ligar?

- Já o fiz Rita, ele não atende.

Nesse momento toca a campainha; é o meu pai. A mãe de Pedro mandou-o subir. Na altura da entrada do meu pai pela porta, toca o telefone.

- Tenha calma.

D. Teresa não entendeu a fala do meu pai. E dirigiu-se ao telefone. Conseguia-se ouvir quem estava do outro lado do telefone.

- D. Teresa? Daqui fala o hospital S. João do Porto. O seu filho sofreu um acidente de condução de motociclo. Era se possível podia comparecer cá.

Depois de ouvir isto o meu pai agarra o telefone e senta Teresa.

Vi-me sentada numa cadeira de hospital. Como fui ali parar? É verdade… O Pedro? O meu Pedro? Vi o meu pai e dirigi-me a ele. Meu pai não me deu oportunidade de falar. Abraçou-me com força, abanando a cabeça. Pedro? Pedro? Onde estava? A minha mente levou-me numa corrida ao vento e dirigiu-me a um pensamento cruel que me atingiu como uma faca no meu estômago, uma espada no meu coração. Pedro não pode morrer. Pedro era Rita e Rita era Pedro, caso Pedro morresse, Rita morreria com ele. Não consegui acreditar e teve que ser o meu pai a dizer-mo ao ouvido para eu ter a certeza do que estava na minha cabeça.

- Pedro faleceu. Teve um acidente mortal. – Murmurou o meu pai ao ouvido.

Como aquilo aconteceu? Não tive tempo para reagir, apenas aquela agua salgada a sair dos meus “profundos olhos”, caracterizados desta maneira por Pedro. Eu não podia ter perdido o meu melhor amigo. Eu era ele.

O meu pai pegou-me ao colo e estava em casa com uma chávena de chá e bolachas para me alimentar, como estava a dizer a minha mãe. Não consegui tocar em nada. Dirigi-me ao meu quarto e deitei-me sobre o edredão verde… verde, a cor dos olhos de Pedro. Este pensamento, os pensamentos de saudade de Pedro tocavam no meu peito em carne viva, ainda em ferida, acabada de abrir. Só me apetecia encostar os joelhos ao peito e abraça-los com os meus longos braços. E assim o fiz. As lágrimas não paravam de se soltarem dos meus olhos e escorregarem pela minha cara húmida de tanto chorar.

Os meus olhos estavam nublados e tive a sensação de ver Pedro e com a sua suave voz dizer: “Não chores. Vou estar sempre aqui.”. Quis-me manter acordada mas a mão dele passou-me pelos olhos acabando por fechar as pálpebras e adormecer.

Adormeci com as lágrimas nos olhos e acordei com elas. Adormeci com a imagem de Pedro não cabeça e acordei com ela ao meu lado o que me fez dar um enorme salto da cama e deitar-me para fora dela.

Senti-me atordoada e ainda a sonhar, mas, deitada no chão vi a cara de Pedro a espreitar por cima do colchão. Aí desmaiei…

1 comentário:

  1. Oh Ana está mesmo lindo!^^
    Já tinha saudades de ler os teus textos!:)
    Agora tenho mesmo que saber o resto da história!XD
    É complicado perdermos uma pessoa especial para nós, seja um/a amigo/a, familiar ou o amor da nossa vida... A ideia de termos que dizer adeus a essas pessoa é praticamente insuportável e ficamos com as lágrimas nos olhos só de pensar nisso...
    Beijos do tamanho do mundo!!
    Continua a escrever!
    Adoro-te sister!*.*

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