sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ainda a Perceber - 3º Capítulo

Acordei deitada nos braços do meu pai.

- Então? Não tens caminha para dormires? Ou é preciso por uma grade como quando eras pequena? – Ria-se. Estava atordoada com tudo o que tinha acontecido e tentei explicar.

- nã… não é isso… Eu vi…

- Eu sei, estava a brincar contigo. – Disse ele mas, penso eu, sem saber a verdadeira razão por eu estar deitado no chão.

Saiu do quarto. Fechei a porta na esperança de que quando me voltasse em direcção à cama estivesse lá Pedro. Estava mesmo. Oh meu Deus. Só me apetecia gritar o quanto estava feliz por o ver. Contente, queria libertar o meu sorriso por todo o mundo.

- Desculpa não te queria assustar. Pensei que ficasses feliz por me veres mais cedo. Não era suposto mostrar-me tão cedo, mas não aguentei ver-te a sofrer tanto. Se eles sabem acho que estou arruinado. – e deu uma gargalhada pequena para si.

A única coisa que consegui libertar foi uma gargalhada tão alta. Ele estava louco? Eu não estava contente? Eu estava felicíssima. Quer dizer… não se notava logo. Os meus pensamentos foram interrompidos por um som de quem estava a bater à porta. Parei a gargalhada, vi a cara preocupada de Pedro e deduzi que ninguém o podia ver (nem mesmo eu, mas Rita era Pedro e Pedro era Rita). Nesse momento de dedução Pedro desapareceu.

Fui abrir a porta e desejei que Pedro voltasse mais tarde. Era a minha adorável mãe. Ficou com cara de quem estava bastante surpreendida. Também, não era para menos. Para quem tinha perdido o seu melhor amigo durante manha e estava às gargalhadas no seu quarto, parecia comportamento de quem precisava de acompanhamento psicológico.

- Está tudo bem?

- Sim mãe, desculpa se fiz muito barulho.

- Não faz mal, só vim ter a certeza que estavas bem.

Fechou a porta e eu sentei-me encostada à porta na tentativa de assimilar tudo o que se estava a passar e a tentar acreditar que tudo o que se passara não era um sonho.

Pedro apareceu sentado à minha beira. Tive uma vontade enorme de o abraçar mas pareceu existir uma barreira à volta dele que não o permitia. Ele olhou-me com aqueles seus olhos verdes que só eu os conhecia bem e fez beicinho. Óh Deus… só não estava com ele à menos de um dia e já sentia a falta dele assim tanto? Aquele aperto no coração continuou, mesmo estando a vê-lo ali o aperto continuou. Queria tocar-lhe, queria abraçá-lo, mas mais nada aconteceu se não um abafo da parte dos dois.

- aff… - dissemos os dois ao mesmo tempo o que provocou uma gargalhada logo a seguir, lembrando os “velhos” tempos.

- Desculpa mas não estou a apanhar metade disto. Podes-me explicar o que és teoricamente?

- Ok. Isto vai ser complicado porque nem eu ainda entendi muito bem, só sei que pessoas como o teu pai são muito poderosas e algumas como…

- espera aí! Mas tu já sabes?!

- eu sei que era isso que me ias contar no momento em que ocorreu o acidente. E foi por esse mesmo motivo que estou assim agora: morto. Mas não te sintas culpada porque na verdade…

O que é que ele está para ali a dizer? Oh não… sou eu a culpada? Não acredito…

- Então quer dizer se eu não tivesse a brilhante ideia de te ir contar tu não estavas “morto”?

- Não foi bem isso que aconteceu. O teu pai viu a minha reacção se tu me tivesses contado naquele momento. Ok, tenho que admitir que não era aquela que tu esperavas. Então ele para impedir que tu ficasses destroçada, sacrificou o seu dom tornando-me morto para o mundo humano e um “semi-vivo” para o TEU mundo que se tornou diferente desde que o teu pai sacrificou os dons dele.

- Estás-me a dizer que o meu pai sacrificou o dom dele para eu não ficar destroçada?

- O que eu estou a tentar dizer é que o teu pai te ama e sacrificou os seus dons por ti. Tu não ias apenas ficar destroçada… o teu pai viu o teu bilhete de suicido daqui a alguns anos devido à minha reacção e neste momento sinto-me tão culpado que nem… - fez outra vez o seu beicinho que me deixou com duas lágrimas nos olhos…

- Espera, tu és ou eras um ser humano. Eu é que espero sempre o melhor e por vezes isso não acontece. Eu é que fui uma parva em… Espera lá… como é que o meu pai sacrificou os dons dele?

- Ainda é muito cedo para te falar nisto, nem eu devia estar a contar metade do que estou a faze-lo agora… é muito arriscado. Eles confiaram em mim mas eu não consegui ver-te assim tão triste…

- Ok… vamos lá parar para pensar um bocadinho… primeiro ninguém, nenhum de nos, se vai sentir culpado por nada, entendido? Porque Rita ser Pedro e Pedro ser Rita!

- Entendido, só que com uma diferença: já não te vais chamar mais Rita, nem eu sou o Pedro; quer dizer, só para o mundo humano.

- Ok, segundo ponto…. A propósito… então há mais de um mundo e eu pertenço a dois?

- Desculpa mas estas perguntas já não me cabem a mim responder-te. Acho que vou assumir o meu “erro” se o podemos chamar assim e levar-te aos três magistreiros.

- Vais-me levar onde??

- Aos três magistreiros. São uma família para o qual, no mundo Magestêr, o teu pai trabalhava, como se chama aqui no mundo humano.

- Ok, o meu pai sabe do que se está a passar? E tu em tão pouco tempo já sabes tanto do mundo em quem só em menos de duas horas estivestes? E onde isso fica?

- Chegou definitivamente o momento. Falei demais. – Pedro resmungava para si mesmo.

Abriu uma pequena brisa de ar com uma multidão de cores. A que mais se destacava era o verde, mas que coisa magnifica, porque é que não tinha uma maquina para gravar aquilo tudo … e foi nesse momento que a razão chamou o encantamento e perguntou o que era aquilo?

- É um portal? Uauh, pensava que isto só existia nos livros e nas series com magia…

- Tal como muita gente pensa em relação aos dons…

- Pedro isto…

- Desculpa, mas acho que isto, devo ser eu a dizer antes que passes uma “vergonha” em Magestêr. O meu nome lá é Ian e o teu é … bem, esse esperas porque vai ser surpresa…

- Sorry… como eu ia a dizer… isto tem uma cor espectacular.

Sussurrou-me ao ouvido e disse: - mais um segredo: os portais têm a cor definida como a preferência de cada um… deixa-me adivinhar… a tua é verde certo? – acenei com a cabeça afirmativamente e, neste impulso enrolou-me nos seus braços e puxou-me para dentro do portal.

Foi fantástico. Primeiro porque consegui sentir Pedro e segundo devido àquela cor verdinha que nos rodeava.

1 comentário:

  1. Está lindoo!!
    Quanto mais leio, mais quero ler!:)
    Fico à espera da próxima parte!
    Beijos enormes!^^

    ResponderEliminar